terça-feira, 5 de outubro de 2021

Pequeno Catecismo Sobre a Origem, Queda e Ascensão do Homem


por Davi M. Simões

Quem é Deus?

Deus é o Criador dos anjos, dos homens e do universo, é uno em essência e trino em pessoa, a origem e o fim de tudo. É único, imaterial, ilimitado, inalterável, inefável. Deus é espírito e governa o mundo em verdade e justiça, e trata todas as suas criaturas com amor e misericórdia. Diante d’Ele “todo joelho se dobra”. Na realidade, a mente humana não tem capacidade de compreender Deus em plenitude.

Quem são os anjos?

Os anjos foram criados por Deus antes da origem do mundo. Ao contrário dos homens são seres imateriais, possuem somente vontade e intelecto. Lúcifer foi um Serafim (o gênero angelical mais próximo de Deus na hierarquia celeste) que por orgulho e inveja quis ser como Deus e levou consigo 1/3 dos anjos do Céu, quando após uma batalha foi lançado por São Miguel Arcanjo ao inferno com os outros anjos traidores, transformando-se em demônio.

O que são os demônios?

Os demônios são os “anjos” de Lúcifer, que após a queda passou a se chamar Satanás. Eles criam confusão no Homem para leva-lo à perdição. Assim como entre os anjos de Deus, há também hierarquia entre os demônios. Eles propagam ideias e religiões falsas. Fundaram o politeísmo, o panteísmo, o animismo e os diversos tipos de espiritismo, esoterismo e superstições. Os demônios são seres inteligentíssimos e sabem mais das coisas de Deus que o Homem.

Quem é o Homem?

O Homem é criatura de Deus. Foi criado por Ele corpo e alma para gozar da vida eterna. O Homem vem de Deus e à Ele deve voltar. Ao homem que heroicamente vence a carne, o mundo e o demônio, o Criador promete a dignidade dos anjos.

Como é possível voltar à Deus?

Para voltar à Deus é preciso praticar os Dez Mandamentos, o Sermão da Montanha, mortificar os cinco sentidos, regrar as paixões, purificar a memória e a imaginação e direcionar a vontade e o intelecto para o próprio Deus em Sua Suma Beleza e Suma Bondade, personificadas em Nosso Senhor Jesus Cristo. Também é preciso se confessar e participar dos sacramentos da Santa Igreja. Deus se encontra no coração do Homem, que é o centro da alma. O Homem será sempre pendente ao orgulho, pois após a expulsão de Adão e Eva do paraíso há em nós o pecado original que gera uma forte tendência a desobediência. No fim dos tempos nos uniremos corpo e alma (como ascendeu Cristo e Nossa Senhora) no seio de Deus e gozaremos eternamente da Visão Beatífica que é a visão de Deus como Ele se vê.

Quem foram Adão e Eva?

Adão e Eva foi o primeiro casal humano. Deus criou o universo do nada e no penúltimo dia os criou para gozarem de Sua criação eternamente. Satanás tentou Eva para que ela desejasse ser igual a Deus e ela levou à queda também Adão e com ele toda a espécie humana. Após a expulsão do paraíso eles foram condenados à morte corporal e todas as mulheres passaram a ter o parto com dor.

Como aconteceu a tentação?

A tentação aconteceu quando Deus havia colocado no paraíso, chamado Jardim do Éden, a árvore do conhecimento do bem e do mal e proibiu Adão e Eva de consumirem seu fruto como forma de educá-los na obediência. Satanás em forma de serpente tentou Eva a comer o fruto e ela comeu e deu à Adão. Como forma de castigo por esse pecado originário, Deus condenou o casal e toda a raça humana à morte corporal, perdendo a Graça, fazendo o Homem voltar à terra, como jarro de barro que é, e fechando a passagem para o Céu, que só poderia ser reaberta por Jesus Cristo, o novo Adão. Como punição a serpente, que possuía quatro patas e asas, foi obrigada a rastejar pelo chão. E sua língua bifurcada é lembrança de sua mentira e enganação.

Quem é Jesus Cristo?

Nosso Senhor Jesus Cristo é perfeito filho de Deus ao mesmo tempo que é perfeito filho do Homem (Nossa Senhora). Dual na natureza, mas uno em essência. Ele desceu do seu trono celeste e escolheu nascer da Virgem Maria (concebida sem pecado original e imaculada mesmo após seu parto sem dor) de origem humilde e pobrezinho nazareno, embora nascido em Belém. Essa encarnação de Deus foi necessária para livrar o Homem do pecado original, pois antes dele nenhum homem fora salvo. Ele é o arquétipo perfeito, aquele que deve ser seguido já que pode restaurar a natureza humana decaída através de seu exemplo de vida. Sua Encanação, Crucifixão e Ressurreição são profundíssimos mistérios. Com Sua vida sem pecado Ele venceu a morte e o Diabo. Cristo é a ponte heroica que nos torna santos e nos une a Deus através de Sua obediência, pobreza, castidade, mansidão e caridade. Ele, Nosso Senhor, deixou como legado Sua Esposa, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, guardiã da Tradição, do Evangelho e do Magistério.

“Deus se tornou homem para que pudéssemos nos tornar deuses”. (Santo Atanásio).

Breves Considerações Sobre o Período Medieval


por Davi M. Simões

É comum evocar a Idade Média como a era do “obscurantismo”, do “barbarismo”, onde a Igreja comandava o homem em todos os campos com sua moral “opressora”, “conservadora”, “atrasada”. Principalmente no mundo acadêmico, que é progressista e modernista, não é raro ouvir que “certa atitude é medieval” ou que “somos muito inteligentes para regressarmos à Idade Média” etc. É normal escutar esse tipo de afirmação de professores de cursinho ensinados com livros didáticos que propagam a weltanschauung marxista, mas o espantoso é quando isso vem de intelectuais mestres e doutores renomados. Todas as mentiras difundidas pelos iluministas encontraram eco nesse meio de universidades paulofreirianas, com seus métodos pedagógicos falhos, onde os próprios professores reclamam de seus alunos, que, segundo eles mesmos, são energúmenos ou analfabetos funcionais, o que é contraditório já que estamos no Século XXI em pleno progresso da raça humana. 

Isso não quer dizer que muitos acadêmicos, mesmo entre os progressistas, não admitam o vertiginoso processo de decadência que culminou na neo-modernidade. O que acontece é que isso é sistematizado, mas o homem moderno é incapaz de achar uma solução, já que teria que desenterrar valores que esqueceu ou aprendeu a odiar. Trata-se tudo na superfície desde a pseudo-reforma, quando Lutero ignora a hermenêutica Católica para interpretar as Sagradas Escrituras da sua forma pessoal, modificando-as de acordo com as suas conveniências. A grande arma para solucionar a problemática da neo-modernidade é o acúmulo de virtudes frente aos vícios, pois a trans-humanidade nasce no homem velho quando ele aprende a colecionar virtudes - sendo as mais importantes a fé, a esperança e a caridade - controlando o gozo dos sentidos. Também é interessante contrapor aos direitos o senso de deveres, pois é mais proveitoso para a alma a obediência que a liberdade. Obediência a Deus e ao espírito.

Como então acreditar nos iluministas de uma época onde se matou mais gente em guilhotinas que a Igreja nas fogueiras da Santa Inquisição? Essas crenças errôneas vêm da histeria jacobina, a esquerdopatia. São crenças sentimentais oriundas, como o nome já diz, da sensibilidade, não do intelecto. E quem se pauta pelos sentidos se equipara aos animais. Os acadêmicos tentam julgar e punir sob a ótica marxista da história o que aconteceu há centenas de anos. Na verdade, a história mostra que o marxismo é impreciso, uma péssima literatura que originou a correção política e interpretações de senso comum sobre valores pretéritos. A razão é o suficiente para ganhar qualquer batalha contra um ideal ilógico baseado na emotividade que não possui fundamento algum, apenas prega o ódio jogando negros contra brancos, mulheres contra homens, pobres contra ricos. O ideal esquerdista é baseado na inveja, no assassínio, no ódio aos que possuem. E a verdade fala por si só, não precisa ser protegida tão apaixonadamente como faz a esquerda com suas mentiras impostas, algumas vezes, com a força da lei. 

Entre tantos reais progressos a “Idade das Trevas” nos legou o livro. Algo tão comum nos dias de hoje foi desenvolvido um a um pelos monges copistas medievais, já que àquela época as bibliotecas eram feitas de rolos de papiros, porque ainda não havia imprensa. Um livro é muito mais fácil de ler e de guardar que um rolo de papiro. Uma Era que cria o livro não pode ser assim tão obscura. Tudo bem que nem todo livro é bom, alguns merecem ser queimados, mas é graças ao intenso trabalho desses monges que obras da antiguidade chegaram ao nosso conhecimento. Os mosteiros foram muito importantes para o desenvolvimento da humanidade, defendendo a cultura dos ataques de bárbaros analfabetos e amantes do falo, preservou obras importantes. Também no âmbito da agricultura cultivando azeite e vinho, da pecuária, da gastronomia, do artesanato e da técnica em geral. 

Em um mundo formado por castas, como nas civilizações pagãs, mil anos de Idade Média favoreceu uma grande mobilidade social, onde plebeus se convertiam em nobres através de atos de heroísmo - valor superior, tão esquecido nesta era de hedonismo. Os povos pagãos sempre odiaram os fracos, assassinando suas crianças deficientes e seus velhos. Foi a Igreja que fundou os hospitais a partir do primeiro Hotel-Dieu em Paris. É necessário lembrar que na Idade Média a doença não era malquista, pois ela depura a alma e desenvolve virtudes como a paciência. Um exemplo disso é a Ordem de São Lázaro, uma ordem de cavalaria hospitalária formada somente por monges e cruzados leprosos, considerados abençoados e mais próximos de Cristo, que era pobre e foi tratado pior que um leproso. Hoje a doença e a pobreza são sinais de danação, ideia tipicamente burguesa, tanto quando a tolerância e o conformismo. A Idade Média acabou com a escravidão, tão comum aos povos pagãos - tanto gregos quanto africanos -, que depois ressurgiu no renascimento, tentativa patética de imitar a antiguidade. Outra falácia é que a Igreja considerava mulheres e negros despossuídos de alma, o que contradiz o próprio culto à Virgem Maria e aos primeiros mártires que eram mulheres. E o que dizer de São Benedito, Santo Elesbão, São Martinho de Lima, Santa Bakhita, Santa Ifigênia entre outros, além de três Papas - Vítor I, Melquíades e Gelásio I -, que eram negros? A Santa Igreja é incapaz de se equivocar e se contradizer dessa forma, alegando santidade à seres sem alma. 

A Igreja é um milagre bimilenar, a maior instituição caritativa do mundo e da história da humanidade. A Igreja é o que há de mais belo e sua sabedoria, doutrina e ciência em todos os ramos do conhecimento humano o que há de mais elevado. Somente dela poderia sair um penitente, asceta e místico como o Pai Seráfico São Francisco de Assis. Somente ela poderia desenvolver a arquitetura românica, gótica e a arte barroca, infinitamente superiores a qualquer arte pagã da antiguidade ou do renascimento, que é decadência. É na Igreja o ápice do direito, da linguística, da literatura, da astronomia, da teologia, da filosofia, da medicina, das artes, a fundação de universidades como as de Coimbra, Salamanca, Paris, Bolonha, Oxford, Cambridge, Colônia, Viena e tantas outras. São Católicos os neoplatônicos como Pseudo-Dionísio e aristotélicos como Santo Tomás de Aquino. Posso citar também Santo Agostinho, João Escoto Erígena, Hugo de São Vitor (grande educador das artes liberais), Alexandre de Hales, Santo Alberto Magno (criador do método científico), Roger Bacon, Duns Escoto, São Boaventura etc. 

A Igreja é a construtora da Civilização Ocidental, mas do Ocidente autêntico, não do ocidente da ONU, da União Europeia ou da ética protestante. Nem do ocidentalismo degenerado estadunidense. Só não vê quem não quer, quem está envolto em uma densa nuvem de ilusão, quem realmente acredita que o homem hodierno, com sua arquitetura de casca de ovo, como as obras de Oscar Niemeyer, atingiu o cume. Deus ama o belo e o sublime, por isso é da Igreja a alta cultura.

Jogando Pérolas aos Porcos


por Davi M. Simões

Diante de Deus sou somente uma poeira. Ele me deu a vida e pode tirá-la caso seja de sua vontade. Sem Ele tudo seria dissolvido, mesmo o mais duro diamante se esfacelaria. É Ele quem mantém o universo com misericórdia e caridade. E foi por amor que enviou Seu filho querido, para resgatar a humanidade que não deu certo (*), atolada na imoralidade pagã. 

Saio em vantagem por ser lúcido e com bom raciocínio lógico, em parte por causa de muita leitura e estudo, e em parte por levar uma vida de introspecção e oração. A oração me ajuda a transcender a realidade imanente. Entendo a fé como superior à razão, como também entendia Tertuliano e outros padres apostólicos gregos e latinos. Através da razão os gregos nunca alcançaram o tão buscado logos – nem mesmo Plotino ou Proclo. Somente com os primeiros apologetas cristãos, através da fé, se conheceu o Verbum, a Palavra eterna, a maldita poesia que tanto embasbacou o mundo. Disse Tertuliano: “O filho de Deus foi crucificado: não me envergonho, uma vez que deveria me envergonhar. O filho de Deus também foi morto: é sem dúvida crível, pois se trata de uma coisa tola. E depois de ser sepultado ressuscitou: é uma coisa certa porque é uma coisa impossível”. Educar o imaginário crendo no absurdo só lhe fará mais humano (ou mais divino). Não seria a co-criação, como afirmava J.R.R. Tolkien, um chamado de Deus? “Contos de fada não dizem às crianças que dragões existem. Crianças já sabem que dragões existem. Contos de fadas dizem às crianças que dragões podem ser derrotados”. (G.K. Chesterton). Não estou comparando o Evangelho ao conto de fada, estou convidando o leitor a não compreender o mundo de maneira mecanicista. O culto da razão sem a fé, dos direitos sem os deveres e da liberdade sem limites nos mergulhou em um processo de decadência intelectual e cultural que é gritante e aparente, pelo menos aos homens superiores e de bom gosto. Sim, há homens superiores, bem como há a turba mais vulgar e risonha. O homem superior é mais precisamente aquele que entende ser um nada, aquele que precisa do Cristo e da Igreja, por ser limitado e sem virtudes. É aquele que tenta constantemente aprimorar o caráter. Pergunte ao homem vulgar se ele já se confessou a um padre, e ele dirá que não possui pecados. 

O confronto dialético entre um homem superior e um progressista é um acontecimento interessante. É a transcendência contra a imanência, a verdade contra o relativismo. É a sabedoria perene contra a última moda acadêmica, repetida como senso comum, se utilizando de uma retórica porca cheia de gírias, ad hominems e argumentos de autoridade. No fim, uma risadinha – ou gargalhadas, caso sejam muitos. E quase sempre são. 

O progressista está sempre pronto para indicar algum livro relativista a cada ideia politicamente incorreta que ouve. Ou achar que determinado autor não é acadêmico porque nunca ouviu falar. Se você afirma que o preconceito é útil, que ajuda a manter viva uma civilização contra ataques de inimigos estrangeiros, e que só a guerra e a religião possuem caráter civilizacional, ele prontamente lhe indicará qualquer porcaria que leu para escrever sua dissertação de mestrado. A estratégia é esta: indicar Marx, Freud e Foucault ou coisa que valha, e depois dar uma risadinha. Aí eu digo: já li Marx, porque leio Proudhon e Sorel; já li Freud, porque leio Jung e Allers; já li Foucault, porque leio Nietzsche e Bentham. 

Parte do ódio e descontrole que presenciamos em progressistas e, mais particularmente, esquerdistas quando confrontados com a verdade, provém de um quadro histérico e psicótico. Mas não desejo adentrar no tema que os doutores Andrew M. Lobaczewski e Lyle H. Rossiter tratam minuciosamente nos seus livros “Psicopatas no Poder” e “A Mente Esquerdista”, respectivamente. O que vale registro é que as ideias de esquerda se baseiam na exploração da compaixão e da culpa. O esquerdista é alguém frustrado que utiliza o estado paternal como solucionador de todas as suas psicopatologias. Essa minoria ocupa a cultura e propaga seu ideal através das salas de aula e cátedras universitárias, aparelhando o estado, que serve como a grande máquina para impor a vingança de suas mágoas e sentimentos de inveja e inferioridade. Como a cosmovisão esquerdista não se utiliza da lógica (logos), o discurso se transfere ao campo dos sentimentos (pathos). Os sentimentos de liberdade, igualdade, generosidade, felicidade etc. são imperativos, impossibilitando qualquer argumentação racional a favor de um meio-termo. Para o esquerdista tudo vale em nome da causa, inclusive matar e roubar, desde que seu paraíso terrestre seja possível. Como o comunista vive de repetir mentiras, qualquer postura que ameace seus valores (ou a falta deles) precisa ser perseguida e eliminada, caso contrário ele experimenta sensações de desamparo e ausência de sentido – podendo levar ao suicídio. Suas mentiras histéricas são, acima de tudo, condição de sobrevivência. O esquerdista foge da verdade como o Diabo foge da cruz, e suas proposições são mais falsas que o umbigo de Adão. 

Certa vez fiz uma progressista rasgar as vestes por dizer que a verdade, a bondade e a beleza não são subjetivas, mas absolutamente objetivas. Há valor intrínseco às coisas, uma coisa é superior ou inferior per si, independentemente do valor que damos. A verdade, por exemplo, está atrelada ao que é real. Se a maré enche e eu comunico o fato, o relativista é capaz de dizer que não concorda, mesmo sendo um dado incontestável que eu vi in loco. Ora, dizer que a verdade é relativa não seria afirmar uma verdade absoluta? A bondade, por sua vez, não pode ser utilitária, não é bom somente o que é útil ao meu desejo, prazer, ganho ou proveito. Cícero ensinava que um bem em si é o que é conforme a natureza. Nos “Deveres” ele declara que “a justiça, além de proibir prejudicar a alguém, impõe o dever de ser útil à comunidade”. Bom é tudo aquilo que é honesto e reto! Quanto à beleza, o que é esteticamente belo causa prazer em quem olha, assim como a feiura causa medo e repulsa. O belo é ordenado, simétrico, harmônico, proporcional, seja uma ópera de Handel ou o interior da Sainte-Chapelle. Há uma relação direta entre a beleza e os números. Tudo é medido por Deus. “A proporção numérica produz a beleza, quer traduzida em formas sonoras, quer expressa plasticamente. (...) Fruto da ação da inteligência, a proporção só será conhecida pela inteligência, e não pelos sentidos. (Orlando Fedeli). Uma música tem harmonia, melodia e ritmo em 7 notas; o mesmo se dá no corpo humano, temos 2 olhos, 2 braços, 10 dedos etc. Também Deus é 1, o que é material é 4, o que é espiritual é 3 e assim por diante. 

Quero dizer aos homens superiores que eles estão condenados a serem ridicularizados, e será uma penitência a pagar por toda a vida. Que homem culto nunca ouviu uma chacota após afirmar uma verdade imutável? Que homem genial nunca escutou um repetidor de sensos comuns lhe perguntar onde estavam as fontes de suas afirmações? O homem justo e sério nunca terá muitos amigos, mas, como eu, pode estar sempre bem acompanhado com Sócrates, Cícero, Santo Agostinho, São Boaventura, Léon Bloy, G.K. Chesterton entre outros, e o próprio Cristo. Com Sêneca afirmo que “ninguém permite que sua propriedade seja invadida, e, havendo discórdia quanto aos limites, por menor que seja, os homens pegam em pedras e armas. No entanto, permitem que outros invadam suas vidas de tal modo que eles próprios conduzem seus invasores a isso. Não se encontra ninguém que queira dividir sua riqueza, mas a vida é distribuída entre muitos!” Se ninguém distribui dinheiro, por que eu distribuiria meu tempo, que é mais valioso? 

Não falo só por mim, mas por outros que estão dispersos, proscritos, malditos. Às poucas pessoas lúcidas que entendem que o encontro entre Javã e Abrão impulsionou o homem ao ápice da intelectualidade, e tudo o que fugir disso é demoníaco e deve ser anatematizado. 

Seria a humanidade moderna, salvo raríssimas exceções, uma vara de porcos? Não, porcos são limpos e mais inteligentes que moscas.

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(*) O homem caiu por influência da antiga serpente, mas devido ao livre-arbítrio. Deus não nos criou para sermos escravos, Ele deu liberdade aos homens e aos anjos. O filho de Deus se rebaixou deixando seu trono nos céus para servir de escada e ponte redentora e amorosa que nos livra do erro.

O Homem-símio na Era Neo-moderna


por Davi M. Simões 

As mentes incultas subestimam o poder de um livro influenciar o mundo. Quem pode negar o estrago feito por determinadas correntes “filosóficas”? Quem pode negar o estrago causado por pensadores como Lutero, Espinoza, Darwin, Marx, Nietzsche, Freud, Einstein, Kelsen, Marcuse, Foucault etc? Em sua maioria judeus – ou filo-semitas – e materialistas militantes? A carne sempre falará mais alto que o espírito, por isso qualquer cosmovisão que desperta os piores instintos, geralmente travestida de sistema filosófico, alegando resolver as maiores aporias, é per si a espuma do mar da erudição, inapta e inepta para se banhar no oceano que é o conhecimento antigo e medieval. 

Ideias como a evolucionista, que é somente uma teoria (anticientífica, como a teoria de gênero, entre outros nonsenses modernos) inválida no campo empírico, não passam pelo crivo da lógica mais básica. Na lógica, o perfeito não sai do imperfeito, o complexo não sai do simples, a não ser que consideremos o progresso contínuo e indefinido da raça humana, uma condição irreversível que gerará no futuro um super-homem tão “evoluído” que “a distância entre o homem e seus parceiros inferiores será maior, pois será o mediador entre o homem num estado ainda mais civilizado, esperamos, do que o caucasiano, e algum macaco tão baixo quanto o babuíno, em vez de, como agora, entre o negro ou o australiano e o gorila.” (Charles Darwin). Em verdade, pela lógica, o macaco seria um homem degenerado, involuído, algum tipo de hominídeo que atrofiou e perdeu a razão. Isso é mais fácil de acontecer, talvez o macaco seja o prenúncio do que será o Homem em poucos séculos se continuar no ritmo que caminha. A evolução planetária é um axioma, ninguém contesta que os filósofos da antiguidade são retrógrados, “caretas” e “passados” ao ponto de merecerem ser ostracizados. 

O Homem neo-moderno se identifica tanto com o macaco que está cada vez mais parecido com ele. Esse Homem, no que lhe sobrou de humanidade, vivendo em uma sociedade que mais lembra uma savana, onde todos se devoram, a força é a lei e o diálogo é impossível, se percebe tão aparentado com os animais que chega a trata-los como humanos. “Em um mundo onde o homem é tratado como animal, o animal será tratado como homem.” (Roger Scruton). É o ápice da decadência? Creio que não. Há ainda muita coisa por vir e eu não quero estar vivo para ver. É triste assistir ao Homem desfigurado e enlouquecido. São tantas camadas de mentiras, que a mente inculta e profana repete ideias de “filósofos” que nunca ouviram falar, pensando serem originalmente suas.

De um lado toda a massa amorfa pensando que o errado é o certo, já que é assim que seus sentidos e sentimentos percebem o mundo, em detrimento de sua razão e lógica. De outro um pequeno número de homens, que superam seus impulsos e conhecem a verdade – que é recebida como delírio –, entrincheirados. A trincheira é primeiramente os momentos de contemplação, e segundamente o dia-a-dia, quando andamos entre animais selvagens prontos para nos abocanhar, nos enganar com sua astúcia de raposa e sua língua bifurcada de serpente. Uma ordem “pós-moderna” seria uma benção, significaria que a modernidade estaria superada, mas ela ainda não chegou ao seu cúmulo. 

O comportamento do católico diante da neo-modernidade deve ser de oração e de desprezo. O desprezo ao mundo, agredindo o pecado, é a única forma de entrar na Morada Celeste chutando a porta, sem deixar, obviamente, de cultivar a piedade pelos pecadores, todas essas almas perdidas e perturbadas, mais vítimas que culpadas, influenciadas diretamente pelos anjos caídos com suas falsas religiões e doutrinas filosóficas e políticas (como cria Carl Schmitt, toda ideologia é uma religião política, pois é resultado de conceitos teológicos secularizados). O mundo é puro ódio e violência, mas nosso ódio deve ser santo e nossa violência contra o erro, não contra pessoas.

Contudo, como tratar alguém como próximo, quando não é mais tão próximo assim? Deveria eu aplicar o princípio da dignidade humana aos primatas? Talvez aí esteja toda a sua dignidade, o homem não é mais sua honestidade, sua lealdade, seu sacrifício, seu esforço em acumular virtudes... sua dignidade está em ser um macaco evoluído.

Tenho piedade do homem que segue as últimas tendências intelectuais irradiadas da ordem global, tanta piedade que só posso trata-lo como se trata os doentes mentais, os viciados e os suicidas. O homem-símio se lançou ao abismo sorridente e alegre, e somente me resta, com misericórdia, cruzar os braços e lamentar sua estupidez.

As Três Espécies de Temores


por Davi M. Simões
 

Há três espécies de temores: o temor mundano, o temor servil (atrição) e o temor filial (contrição), ou casto. 

O temor mundano é o temor de criaturas ou de situações, por exemplo o temor de certos animais ou de andar de elevador. 

Segundo Santo Tomás de Aquino o medo é uma paixão, e como toda paixão está mais presente no apetite sensitivo que no intelectivo. Ele considera a existência de onze paixões, seis concupiscíveis e cinco irascíveis. Os três pares de paixões concupiscíveis são amor e ódio, desejo e fuga (ou aversão), alegria e tristeza. E os pares de paixões irascíveis são esperança e desespero, audácia e temor, e a ira, que não possui outra paixão oposta. 

Diz a Escritura: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.” Mateus 10,28. 

O temor servil é o medo da punição divina, o medo do inferno. Para Santo Tomás “assim como o homem espera gozar de Deus e alcançar dele benefícios, assim também teme dele separar-se e sofrer-lhe as penas”. 

O temor servil é imperfeito, pois nos afasta do pecado, mas não se baseia no amor de Deus. 

Explica-nos o “Doutor Angélico”: “O modo do temor, porém, é insuficiente, e a lei que foi dada por Moisés desta maneira, afastando do mal pelo temor, também foi insuficiente. De fato, ainda que obrigasse a mão, não obrigava a alma. Por isso há outro modo de afastar do mal e induzir ao bem, a saber, o modo do amor, e deste modo foi dada a lei de Cristo, a lei Evangélica, que é lei de amor.” 

Diz-nos o bondoso Deus no livro “O Diálogo” de Santa Catarina de Sena: “Considera estas pessoas, que abandonaram o pecado mortal por causa do temor servil; é necessário que passem ao amor virtuoso. O temor servil, sozinho, não basta para lhes dar a vida eterna.

O medo constituía a lei antiga, que eu dei através de Moisés. Ela se baseava no temor, pois o castigo seguia imediatamente à culpa. A lei nova é a do amor e veio com meu Filho; fundamenta-se na caridade. A nova lei não cancelou a antiga, mas a aperfeiçoou.” 

O temor filial ou casto, por sua vez, é o temor perfeito e amoroso que nos aproxima de Deus pelo o que Ele é sem esperar nada em troca.

Santo Tomás afirma que a caridade acrescenta ao amor uma certa perfeição, na medida em que se tem grande apreço por aquilo que se ama.” 

E também que “deve-se considerar, entretanto, que entre a lei do temor e a lei do amor são encontradas três diferenças:

A primeira consiste em que a lei do temor faz de seus observantes servos, enquanto que a lei do amor os faz livres. Pois quem opera somente pelo temor opera pelo modo de servo; quem, porém, o faz por amor, o faz por modo de livre, ou de filho.

A segunda diferença está em que os observadores da primeira lei eram introduzidos nos bens temporais. Mas os observadores da segunda lei são introduzidos nos bens celestes.

A terceira diferença é que a primeira é pesada. A segunda, porém, é leve.

Na verdade, ninguém tem verdadeira alegria a não ser existindo na caridade.” 

No “Diálogo” Deus diz que “os que perseveram na oração e nas boas obras, os que na constância progridem na virtude, estes atingirão o amor-amizade. A estes, eu amarei como amigos, pois correspondo com igual afeição. Quem me quer bem como faz um servo com seu patrão, será amado por mim, o Senhor, na mesma medida; mas não me manifestarei a ele. Os segredos são revelados aos amigos íntimos somente!” 

Similarmente Garrigou-Lagrange instrui que “este amor consta de admiração, de respeito, de reconhecimento, e, sobretudo, de amizade, que aliás implica simplicidade e intimidade; amor com toda a ternura e intensidade, amor do filho que mergulha de certo modo no olhar amável e na ternura do Pai, e quer para seu Pai tudo o que lhe convém, assim como o Pai faz com que ele participe de sua própria felicidade”. 

E que “jamais amaremos Deus como Ele nos ama, mas o Espírito Santo inspirar-nos-á, apesar disso, um amor digno dele”. 

Com respeito ao amor de Deus o teólogo francês ensina que “é um amor que começa por causar na alma um certo êxtase espiritual, não corporal, pelo qual a alma que ama a Deus sai de si, é como que transportada a Deus. Enquanto o homem natural pensa sempre em si mesmo e em seus próprios interesses, ainda que de modo confuso, a alma espiritual pensa quase sempre em Deus; ama a Deus verdadeiramente e, no mesmo Deus, ama-se a si mesma e ao próximo, para mais glorificar a Deus estando cheia de paz e de alegria, ao menos no mais fundo de sua alma. É então que a alma começa a confiar-se inteiramente em Deus; está na via do perfeito abandono de si nas mãos de Deus.” 

A caridade é a única virtude que ainda progride após a morte corporal. Possamos então temer o inferno e odiar o pecado, mas, acima de tudo, por intermédio de Cristo Jesus, da Co-Redentora Virgem Santíssima Imaculada, dos santos e dos anjos repousar na eternidade com o Pai-Amigo amado.

Manifesto Monárquico-Distributista

por Davi M. Simões

A Monarquia Distributista da qual propomos está fundamentada em três dimensões: a filosófica, a política e a econômica. Portanto, uma dimensão reflexiva e duas dimensões práticas. É uma proposta de ação, militante, mas também a semente de uma nova cultura contra-revolucionária.

1 – A dimensão filosófica: está alicerçada na Tradição Católica (fruto da síntese entre a Revelação e a filosofia greco-romana). Devemos considerar que há identidades, como a hispânica e a latina, com raízes profundamente cristãs, herdeiras do que merece ser chamado de “ápice civilizacional” (majoritariamente medieval e “ocidental”). A raça e o clima influenciam o caráter, a personalidade e o temperamento de um povo, mas não são determinantes como creem os evolucionistas. As nações foram fundadas na era moderna e o nacionalismo é uma ideologia revolucionária (muito exaltada na Revolução Francesa) que faz com que uma pessoa se orgulhe do que não fez e odeie quem não conhece. O nacionalismo é sectário, supersticioso e utópico, além de religioso e vicioso. Já o patriotismo é virtuoso, equilibrado e são, nos permitindo aceitar nossos defeitos, sem mascará-los. Preferimos analisar os povos sob os seguintes aspectos: a identidade à qual pertencem, a pátria na qual nasceram e a cultura específica de sua região. Qualquer forma de governo deve ser descentralizada, dando maior autonomia à região, ao município e ao bairro.

Somos por um olhar mais patriótico-universalista, do que propriamente nacionalista. Miguel de Cervantes é genial não porque é hispânico, nem Shakespeare porque é inglês, mas porque Dom Quixote e Hamlet são universais, eles tocam qualquer alma, independente do sítio geográfico que são lidos. É isso que buscamos, atitudes universais que reflitam o que é justo e equânime, pois a verdade não deixa de ser verdade dependendo de onde é apregoada e defendida. “O certo é certo, mesmo que ninguém o faça. O errado é errado, mesmo que todos se enganem.” (G.K. Chesterton).

Outra consideração a ser feita é em relação ao imperialismo, que entendemos ser bom e, inclusive, essencial para um povo que acredita ser portador da verdade. Segundo o ditado, “no hay un pedazo de tierra sin una tumba española.” As civilizações tíbias e fracas deverão perecer! Não defendemos a autodeterminação dos povos, porque há raças e religiões que vivem em desacordo com o cristianismo, e relativizar isso é igualar a Verdade ao erro. Como bem disse Santo Agostinho: “dilatar o reino, senhoreando povos, aos maus parece ventura, e aos bons necessidade.”

2 – A dimensão política: está alicerçada na forma monárquica de Estado. Não a monarquia absoluta ou parlamentar (ambas revolucionárias), mas a tradicional, realmente democrática e orgânica. Particularmente a nossa herança é monárquica, mas há países profundamente católicos (como a Irlanda e a Argentina, para citar somente dois) que não tiveram tal origem. Ainda assim cremos na república como inferior à monarquia, mesmo esta sendo uma “república coroada”, com o sufrágio universal e uma Constituição escrita. O poder hereditário nas mãos de uma família que governe sem visar eleições quadrienais, onde seus indivíduos sejam educados para administrar o estado de forma suprapartidária com responsabilidade e respeito às tradições pátrias, será sempre melhor empregado e menos despótico. Hodiernamente um presidente possui mais autoridade e obrigações que os antigos reis absolutistas.

No Brasil, a república foi instaurada às escondidas, por um golpe sem apoio popular, tramado pelos militares (principalmente o exército) a mando das elites escravocratas enraivecidas com a abolição, e como consequência se praticou golpe atrás de golpe, até hoje, se alternando no governo quem a maçonaria internacional elegia ou permitia. A restauração da monarquia deve ser feita por aclamação popular, de baixo para cima, e não imposta, como foi a república. E o pré-requisito básico é que seja confessional (mas sem o padroado). A monarquia brasileira não era perfeita, mas a ruptura com o passado foi tão brusca, que ainda não nos recuperamos. Estamos, desde então, confusos quanto às nossas origens.

A monarquia tradicional deve ser bicameral, com uma câmara de representantes dos municípios e outra das corporações de ofício, eleitos diretamente pelo povo. As leis devem ser submetidas ao Direito Natural Integral e o governo régio limitado pelas câmaras, pelas cortes e pela boa doutrina dos teólogos.

3 – A dimensão econômica: está alicerçada na distribuição da propriedade. O distributismo é uma doutrina política e econômica desenvolvida pelos ingleses G.K. Chesterton e Hilaire Belloc, baseada na Doutrina Social da Igreja, e que se coloca como uma autêntica terceira via fazendo frente tanto ao individualismo liberal (burguês) quanto ao coletivismo socialista (ateu). O foco está nas famílias e no princípio do bem comum. “Tanto o socialismo, quanto o capitalismo, são produtos do Iluminismo europeu, e constituem, portanto, forças modernizadoras e antitradicionais. O distributismo, ao contrário, busca subordinar a atividade econômica à vida humana integral, isto é, à nossa vida espiritual, intelectual e familiar.” (Thomas Storck). É mais livre uma família que tem posses. Imaginem se cada uma delas possuísse três alqueires e uma vaca! Não estariam submetidas à proletarização, nem às grandes corporações. Por isso somos pelos pequenos empreendimentos locais e pelo boicote ao monopólio das multinacionais. “Distributismo não significa a redistribuição de riqueza pelo governo, o que seria socialismo, mas, antes, a distribuição natural de riqueza que se dá quando os meios de produção se encontram distribuídos o mais amplamente possível na sociedade.” (Christopher A. Ferrara).

A Doutrina Social da Igreja pode ser lida principalmente na Encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, e suas ideias-força são a prevalência da família sobre o estado, o estado subsidiário (que entre unicamente quando falte a inciativa privada), a defesa da propriedade privada (inclusive do direito de herança), assim como a cooperação das classes pela paz social, formando corporações mútuas de patrões e empregados, onde estes não lesem aqueles, e aqueles respeitem a dignidade destes, pois “a concórdia traz consigo ordem e beleza; ao contrário, dum conflito perpétuo só podem resultar confusão e lutas selvagens”. (Leão XIII).

Só existe democracia quando é baseada na distribuição da propriedade! Um homem sem bens é um homem permanentemente dependente. Diz-se “distribuição da propriedade”, pois ao contrário do capitalismo, que prega poucas famílias com muita propriedade, o distributismo prega muitas famílias com pouca propriedade.

As três dimensões supracitadas precisam andar amalgamadas, inseparáveis com o Identitarismo Hispânico, o Tradicionalismo Monárquico e o Terceiro-posicionismo, tudo sob a Luz Perene do Catolicismo Romano.

Breves Considerações Sobre a Economia de Mercado

por Davi M. Simões

Não há nada mais anárquico (no melhor sentido do termo) que o mercado voluntário, ou seja, havendo duas partes, cada uma possui o que a outra quer, efetuando assim um escambo ou uma venda. Tal ato não pode ser coercitivo, nem o preço regulado por terceiros.

A “mão invisível” é uma lei natural que existe desde que o mundo é mundo. A autorregulação do mercado não é um conceito oriundo de uma ideologia, embora o liberalismo econômico a abstraia da ética, levando o seu subjetivismo até as últimas consequências.

A economia de mercado é a democracia do consumidor, é este quem decide o serviço que vai prosperar ou que vai falir. Se um serviço é melhor e mais barato, é claro que ele vai se sobressair, e o que determinará o preço não será o estado, mas a sua utilidade e escassez. O valor é subjetivo porque não é o trabalho empregado que o imprime em determinado produto (concepção errônea do calvinismo e do marxismo), mas o quanto esse produto é estimado no mercado. Exemplos: (1) um quadro de pintor famoso que encarece após sua morte. (2) o motivo que faz um diamante valer mais que um copo d’água. Ou (3) o fato de um atleta de futebol ganhar mais que um médico.

A economia de mercado é garantia de liberdade. Imagine uma imprensa e uma escola onde o único patrão é o estado. Ele teria poder sobre a divulgação de informação e sobre a instrução dos jovens (como acontece em qualquer totalitarismo). É do consumidor a função de decidir quem merece ficar no mercado, dependendo do bem ou serviço que recebe. Uma imprensa estatizada (em um estado não confessional) divulgará apenas o que o regime permitir.

Já o ensino deve estar separado da educação. Esta é a transmissão de valores, que cabe à família. Aquele pode caber ao estado (mas sem centralização), que é o ensinar a ler, escrever e contar. O ensino não necessita ser obrigatório, pois o estado não está acima da sociedade (como creem nacionalistas e socialistas). Aprender é um impulso natural do ser humano, sempre haverá quem quer descobrir sobre o mundo físico ou metafísico, bem como quem quer ensinar. Nunca se extinguirá a oferta e a demanda de alunos e professores. A vida intelectual deve passar longe do monopólio estatal. Em verdade, a mídia e as escolas precisam estar difusas entre o maior número de proprietários.

Os primeiros a tratarem da teoria do valor subjetivo e afirmarem que o preço justo é o preço de mercado não foram os ingleses, mas os espanhóis pós-escolásticos da Escola de Salamanca inspirados por Aristóteles, destacadamente o jesuíta Juan de Mariana. O mercado é inteligente e não funciona por uma ficção, um idealismo irreal, utópico, mas é um fato dado e irrefutável, uma lei natural. O que devemos nos insurgir é contra aqueles que consideram a economia o ramo mais excelente do conhecimento, pautando todos os outros, como a política, o Direito e até a filosofia.

O regime econômico perfeito seria o corporativismo de mercado. O estado moderno só deve entrar na economia para evitar monopólios e suas únicas funções devem ser ensino, saúde e segurança. Ele não é onipresente, nem onipotente, e não deve intervir nos Direitos Naturais (vida, propriedade, legítima defesa etc.) do indivíduo e de sua primeira sociedade, que é a família, nem nos corpos intermédios como as corporações de ofício.

sábado, 26 de setembro de 2020

Blog em Recesso

Este blog está entrando em recesso por tempo indeterminado.

Todos os artigos foram minuciosamente revisados e alguns tirados para serem aprimorados. Há ainda outros não publicados, que deixarei para o futuro.

Neste espaço é onde desenvolvo meu apostolado e escrevo o que considero importante, com o foco principalmente nos recém-convertidos ou em quem está em processo de conversão. Aqui transmito o que aprendi sozinho, por meio de estudos e reflexões, mas que gostaria que tivessem me ensinado há 7 anos e meio, quando descobri a Verdade.

Agradeço a compreensão dos leitores e aconselho a revisitarem os textos, talvez encontrem novidades.

Viva Cristo Rei!

Viva Maria Imaculada!

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Em Defesa de São Jorge (Contra a Nova Resistência)


por Davi M. Simões

Escrupulosamente, sempre que escrevo, objetivo falar muito bem de Nosso Senhor e Sua Esposa, a Igreja. Tento, dadas as minhas limitações (intelectuais, culturais e estilísticas), honrar a Tradição. Se já escrevi algo inaceitável à Doutrina de Cristo foi antes por ignorância que má intenção, e estou disposto a me retratar prontamente.

Aqui me encontro, novamente, em defesa da Fé. Fiquei sabendo que a seita de “metaleiros doidões”, a Nova Resistência, escolheu São Jorge como padroeiro. Ora, como um grupo abertamente pagão, que exalta cultos afro-brasileiros e inclusive regimes islâmicos, pode escolher um santo martirizado por bradar justamente que todos os deuses dos pagãos são demônios?

São Jorge foi um cavaleiro romano da região da Capadócia, hoje Turquia, do século III. Nasceu de família piedosa e cristã. Em plena época de perseguição romana aos católicos invadiu a corte do imperador Diocleciano e o repreendeu pelo culto aos falsos deuses.

“Os santos nunca hesitaram em depredar os ídolos, destruir os seus templos, fazer legislar contra as práticas pagãs ou heréticas. A Igreja – sem nunca forçar a crer ou receber o batismo – sempre se recomendou o direito e o dever de proteger a Fé de seus filhos, e impedir, quando podia, o exercício público e a propaganda dos falsos cultos.” (Pe. Matthias Gaudron).

O santo guerreiro foi um soldado valoroso e destacado. Um dia doou todos os seus bens aos pobres, trocou a armadura por uma roupa modesta e começou a admoestar corajosamente os idólatras. Dizia, como está nos manuscritos cópticos: “Tornar-me-ei um soldado do Senhor Jesus Cristo, o Rei dos Céus”. Mas foi precisamente o seu martírio, que converteu massivamente. Foi torturado por dias a fio, de formas inimagináveis. Colocaram sal em suas chagas e no fim, dia 23 de abril, tiveram que decapitá-lo, pois ele não negou sua fé. Até estendeu seu pescoço com alegria. A esposa do imperador se converteu e o torturador também.

Disse Nosso Senhor: “E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim.” (Lucas 19,27). Ser um soldado do Rei dos Céus, como foi São Jorge, é entender que Sua realeza não se restringe apenas aos batizados. Como sustenta Leão XIII: “Seu império [de Cristo] não se restringe apenas, exclusivamente, às nações católicas, nem somente aos cristãos batizados (...): abrange, igualmente, sem exceção, todos os homens, mesmo estranhos à Fé Cristã, de sorte que o império de Cristo Jesus é, em estrita verdade, a universalidade do gênero humano.”

No “Catecismo Católico da Crise na Igreja” o Pe. Matthias Gaudron explica por que honrar a Deus publicamente. A sociedade temporal deve necessariamente se submeter à Religião Católica: “Jesus Cristo – que é o único Mediador entre os homens e Deus – nunca é facultativo. E a Igreja Católica, que é a única Igreja de Cristo, muito menos.

Leão XIII ensina: ‘Honrando a divindade, as sociedades políticas devem seguir estritamente as regras e o modo segundo os quais Deus, ele mesmo, declarou querer ser honrado’.”

Para o Pe. Gaudron a Igreja e o estado, embora sendo duas sociedades distintas, não só não devem estar separados, “mas sua estrita separação é absurda e antinatural. O homem não está dividido em um cristão e um cidadão. Ele não deve ser cristão apenas em sua vida privada, mas em todos os domínios de sua vida. Deve, portanto, empreender uma política cristã, esforçando-se por colocar em acordo as leis civis com as leis divinas.” 

E mais à frente, continua: “Quando uma população é majoritariamente católica, o catolicismo deve ser a Religião do Estado. (...) As falsas religiões são um mal contra o qual o Estado católico deve proteger seus cidadãos. Deve, pois, proibir ou limitar tanto quanto possível o exercício público e a propaganda dos falsos cultos.”

Escreveu São Pio X, na Vehementer nos“Que seja preciso separar a Igreja do Estado é uma tese absolutamente falsa, um perniciosíssimo erro. Baseada, com efeito, sobre aquele princípio de que o Estado não deve reconhecer nenhum culto religioso, é gravemente injuriosa a Deus; pois o Criador do homem é também o fundador das sociedades humanas, e Ele as conserva na existência assim como nos sustenta nela. Nós Lhe devemos, portanto, não apenas um culto privado, mas um culto público e social para O honrar. Além disso, aquela tese é a negação muito clara da ordem sobrenatural. Ela limita, com efeito, a ação do Estado à mera busca da prosperidade pública durante esta vida (...).”

Como pode São Jorge ser padroeiro de pagãos adoradores do falo e defensores de aiatolás? A devoção ao santo veio para o Ocidente trazida pelos cruzados. Ele, em espírito, apareceu na primeira cruzada, instigando os soldados a avançarem contra os infiéis, e simultaneamente na Reconquista, no milagre da Batalha de Alcoraz. Assim retrata uma crônica da época: (...) Invocando o Rei [Sancho Ramírez, rei de Aragão] o auxílio de Deus Nosso Senhor, apareceu o glorioso cavaleiro e mártir São Jorge, com armas brancas e resplandecentes, sobre um muito poderoso cavalo ajaezado com paramentos prateados. Ele trazia um cavaleiro na garupa, e ambos com cruzes vermelhas nos peitos e escudos, divisa de todos os que naquele tempo defendiam e conquistavam a Terra Santa, e que agora é a Cruz e o hábito dos cavaleiros de Montesa. E fazendo o sinal ao cavaleiro que vinha na anca para que apeasse, começaram a combater os dois de modo tão forte e denodado contra os Mouros, de davam-lhes golpes tão mortais, um lutando a pé e o outro no cavalo, que abriam clareiras por onde quer que iam, e reuniam e acaudilhavam os Cristãos. O cavaleiro que trouxe o Santo Mártir São Jorge, diz a história de São João de la Peña alegada por Zurita, era alemão, e naquele dia e hora pelejava em Antioquia junto com os demais cruzados. Mas os Mouros abateram seu cavalo e rodearam-no para matá-lo; neste momento, apareceu o glorioso São Jorge, sem que o bom cavaleiro alemão entendesse nem soubesse quem era... e ajudou-o a subir na garupa do cavalo, e o tirou da batalha, e instantaneamente transportou-o para Aragão, ao local onde se dava a batalha do rei com os Mouros, então lhe fez sinal que apeasse e pelejasse (...) Espantaram-se os inimigos da fé vendo aqueles dois cavaleiros cruzados, um a pé e outro no cavalo. E como Deus os perseguia, começaram a fugir a ver quem mais podia. Pelo contrário, os cristãos, embora ficassem maravilhados vendo o novo estandarte da Cruz, alegraram-se, e redobraram seus esforços ferindo os Mouros: e assim os enxotaram do campo e acabaram vencendo.” 

Nada sai da alçada da NR, e a ela tudo diz respeito. Ela é hispanista e indigenista ao mesmo tempo. É “ortodoxa” e espírita. É islâmica e hindu. É tudo aquilo em que se pode tirar um caráter esotérico. O tal do “catolicismo popular” que prega, é simplesmente o milenarismo mais delirante (algo que um novo Antônio das Mortes solucionaria) condenado pela Igreja, desde Joaquim de Fiori no século XII. Ela também é distributista (sem seus membros nunca terem lido G.K. Chesterton) e brizolista, ou seja: pari passu com a Doutrina Social da Igreja, clama pela luta de classes (?). É um grupo absolutamente insignificante politicamente, que não seria conhecido se o Aleksandr Dugin (de quem são tirados seus fundamentos filosóficos, políticos e geopolíticos) não tivesse polemizado com o Olavo de Carvalho (*) (debate em que ele conseguiu perder do velho gagá). Todo o argumento duginiano se resumiu a isto: “o liberalismo é o mal absoluto; tudo o mais é aceitável, irrestritamente”. 

O grande inspirador dos neo-pagãos e neo-gnósticos dessa cepa é o amoralista F. Nietzsche. No “Ortodoxia” G. K. Chesterton compara o “filósofo” (em verdade, entendo o alemão mais como poeta) com Joana d’Arc, dizendo que ele elogiava os guerreiros, bravos e corajosos, enquanto a donzela de Orléans era tudo aquilo. “Ela não se limitou a admirar a luta, mas soube, também, lutar. Ela não temia um exército, enquanto ele, ao que parece, tinha medo de uma vaca.” Afirma ainda que o amante da “vontade de potência” morreu impotente e demente em uma cadeira de rodas. E sagazmente observa o erudito inglês: “Nietzsche sugere-nos que pairemos acima das bestas, abolindo a única coisa que nos coloca acima delas: o sentido de pecado.”

Minha preocupação não é outra senão com os católicos (que efetivamente nem devem existir entre eles, embora tanto tentem aproximação. Se existem são bergoglianos ou da “teologia” da libertação), de serem seduzidos pelo Rasputin do Putin. Nada mais nobre que um assaltante (**) pode sair de um movimento revolucionário, moralmente relativista. O repúdio do bruxo russo ao catolicismo não é só tácito, mas foi claramente expresso em uma entrevista: "O catolicismo não pode ser uma garantia de defesa contra a Nova Ordem Mundial, porque é um estágio de transição para essa ordem (...). A Polônia está em uma situação geopolítica trágica. Ambos – isto é, a Nova Ordem Mundial e nós eurasianos – queremos privá-la do seu catolicismo (...). É necessário derrubar o Catolicismo por dentro, fortalecer a maçonaria polonesa e os movimentos laicistas decentes, promover o cristianismo heterodoxo e anti-Papa" (***). Aqui ele deixa bem claras suas pretensões nacionalistas e imperialistas contra o Ocidente e particularmente a Polônia!

Que os membros da NR não se metam no que não entendem, com sua nojenta soberba luciferiana. Que cultuem Kali, Maomé, Mishima (um gay suicida) ou o Senhor Dugin (libertador Todo-poderoso, Lúcifer encarnado, que desceu do Seu trono venusiano para destruir o Demiurgo), mas deixem São Jorge em paz!

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(*) Link para quem se interessar em ler o debate entre o Olavo e o Dugin: https://www.pdfdrive.com/os-eua-e-a-nova-ordem-mundial-um-debate-entre-olavo-de-carvalho-e-alexandre-dugin-e175944798.html

(**) O fundador da NR Fortaleza e seu irmão (autodenominados “carecas do Ceará”) foram presos em flagrante, no dia 1 de junho de 2020, assaltando uma farmácia: https://www.facebook.com/portalitaocanews/videos/um-novo-v%C3%ADdeo-mostra-de-outro-%C3%A2ngulo-a-a%C3%A7%C3%A3o-r%C3%A1pida-de-um-inspetor-de-pol%C3%ADcia-c%C3%ADv/1103779843331122/?__so__=permalink&__rv__=related_videos

https://www.facebook.com/policiacivildocearaemacao/videos/policial-civil-de-folga-reage-a-assalto-e-prende-dupla-ap%C3%B3s-roubo-em-farm%C3%A1cia-na/250810972864992/

(***) Entrevista à Grzegorz Górny, publicada na revista Fronda, nº 11-12, janeiro-junho/1998, pp. 130-146.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

O Igualitarismo Mata, Mas é Para o Seu Bem

Negros supremacistas em manifestação petista, em São Paulo.

por Davi M. Simões

Adoro estereótipos, eles quase sempre estão certos. E o preconceito é civilizacional - alguns têm inclusive milhares de anos - mas não é justo colocar sempre a culpa nos outros. A islamização da Europa e a protestatização do Brasil são consequências da perda da fé católica, efeito do desconhecimento do Catecismo e da História. História esta que, pretensamente científica, quer ser a senhora e mestra de todas as coisas, se reputa acima da Teologia, que precisaria seguir os novos tempos, como se após a Revelação Deus mudasse de ideia para se adequar ao mundo, não tendo Ele criado o próprio tempo mesmo (e também o espaço). As Missas se esvaziam e os seminários e as ordens (principalmente as franciscanas) lotam de homossexuais como castigo por nossa tibieza. Nossa e do clero. Primeiramente nossa, por permitirmos esse clero que aí está. É como no âmbito secular, pois, como dizia Joseph de Maistre, “cada povo possui o governo que merece”. O melhor governo é o governo dos melhores, porém a idolatria cega à pessoa do Bergoglio inibe os fiéis de o admoestarem filialmente (se é que sua eleição foi canonicamente válida, apesar da existência da já pública e notória “Máfia de Saint Gallen”), como Paulo fez com Pedro, por querer circuncidar os gentios.

O espírito revolucionário liberal (“a fumaça de Satanás”, segundo o próprio “São” Paulo VI) entrou na Igreja com o herético e cismático Concílio Vaticano II, que foi pastoral, não dogmático, portanto não infalível. Ele queria a liberdade (com a liberdade religiosa e o laicismo, destronando Cristo mesmo em nações majoritariamente católicas), a igualdade (com o ecumenismo, igualando a verdade ao erro) e a fraternidade (com a colegialidade, que tira do Papa a autoridade – sim, defendê-lo realmente é entendê-lo como monarca infalível ex-cathedra – e a entrega às conferências nacionais de bispos). Em seguida o Encontro de Assis dá o golpe definitivo nas missões e padres missionários abandonam o proselitismo se vangloriando de nunca terem batizado indígenas, quando eles mesmos não são catequizados pelos selvagens e passam a viver pelados e em ocas. O indígena amazônico é o arquétipo da nova Igreja, o Homem em seu estado mais puro e inocente, antes do pecado original. É a tal “Igreja em saída” do Papa peronista (e Perón foi excomungado) que não tem dado bons resultados. 

Nunca abordo o assunto da vez, a política do dia, o novo “meme” que “viralizou”. Não sofro da coceira na língua que me atiça irresistivelmente a opinar sobre tudo o que acontece, no momento que acontece. Conservo-me estoicamente impassível aos assuntos da moda. Quando quero saber as novidades abro os livros patrísticos, pois são sempre os mesmos erros que se repetem: o relativismo sofista e o antropocentrismo gnóstico. Mas recentemente as palavras mais ouvidas são “racismo” e “democracia” (*), e por acreditar que isso durará por um longo período, decidi tecer um breve comentário, pois são dois temas importantes para a concretização da Nova Ordem Mundial: (1) a destruição da raça branca com a revolta violenta das outras raças e de brancos cúmplices. Hoje a raça mais exaltada é a negra, mas o objetivo é a mestiçagem completa, exceto dos judeus (o povo mais racista do mundo). E (2) a instauração global de um governo único, que imponha a democracia-liberal a todos os países da terra (comandados pela ONU, organização internacional de líderes não eleitos), com uma Constituição universal única, uma moeda universal única e uma religião também única (Nova Era), tendo um Papa progressista como cabeça. É a tão sonhada “fraternidade universal” para a “paz perpétua” kantiana que surgirá após todas as culturas e povos se uniformizarem (**). Por trás estão judeus, maçons, banqueiros e suas ONG’s eugênicas que visam, usando o nome de “ciência”, legalizar o aborto e desenvolver vacinas batizadas para a redução da população mundial em 1/3, para mais facilmente ser dominada. Daí o ambientalismo psicótico e seu malthusianismo falacioso. Todos os supremacistas negros e democratas extremistas trabalham para essa agenda. 

Vidas negras importam?

A raça negra é uma raça que pouco construiu. Observe o que era a Europa há mil anos e o que é a África hoje. Toda a história africana está banhada por sangue de lutas fratricidas, viver naquele continente é extremamente difícil. Nada obstante, no Brasil portugueses, espanhóis, italianos, alemães, sírios, japoneses também chegaram sem nada e construíram impérios. Então quantos séculos mais precisarão os negros para se integrarem? Reclamam de barriga cheia, como reclamam os black powers americanos e europeus, com seus carros importados e auxílios estatais. Acontece que respeito não se impõe na marra e com violência. Respeito se conquista. Qual a obra civilizacional do povo negro, além do animismo mais sensual e de músicas excessivamente minimalistas ao som de batucadas tribais? Culpar os outros é a rotina dos ressentidos, ofendidos e complexados. Quem hoje com internet no celular, youtube, MP3, PDF e cursos EAD pode alegar falta de oportunidade? Alguém poderia explicar para eles que qualquer cidade do mundo possui uma biblioteca pública? Mas a solução encontrada para os jovens da periferia é se aglomerarem nas esquinas para fumar maconha e ouvir o rap, música dos estadunidenses que tanto eles dizem odiar. Quando não o funk, com suas letras que depreciam a mulher e estimulam o sexo na adolescência. 

O negro odeia ser negro. O negro se pudesse nasceria branco. Quem desgraçadamente nasceu com a raça de Cam geralmente só encontra uma solução, como no “complexo de Fourier”, quer que todos sejam iguais a ele, os que são diferentes devem desaparecer ou morrer, por isso estão sempre se autoafirmando. O complexado precisa frequentemente se autoafirmar, seja ele negro, gordo, gay etc. O negro coloca na conta do branco todas as suas mazelas, na colonização principalmente (a terra é de quem conquista!), mas o que deveria ser levado em consideração pelo antropólogo não determinista (que, geralmente branco, gosta de explicar aos negros e índios o que eles devem ser) é que ela é parte do processo evolutivo. A raça humana não está em constante evolução, desde que desceu das árvores? Não são os mais aptos que sobrevivem? Então ou se assume que o negro é inferior (o que é equivocado, já que todos somos descendentes de Adão e de Noé), ou se abandona a hipótese evolucionista, que é racista. Mas abandoná-la é abandonar o progresso e reconhecer um artífice supremo inteligente. O que não se fala é que a escravidão, vergonhosamente uma instituição de todos os povos da terra (tipicamente pagã, extinta na Idade Média e ressurgida no Renascimento, como uma tentativa patética de imitar a antiguidade), ainda existe na África. Negros não eram escravos por serem negros, mas por serem vendáveis, como foram os bugres brasileiros para os bandeirantes. 

Hunos saquearam e mataram europeus. Portugueses estiveram 800 anos cativos dos mouros em sua própria pátria. Armênios foram massacrados por turcos, em um genocídio nunca reconhecido pelos algozes, maior que o Holocau$to. Russos mataram em torno de 5 milhões de ucranianos de fome (Holodomor). Japoneses, italianos e alemães foram brutalmente perseguidos pela política de Estado varguista e etc... Esta é a história da humanidade: contatos e/ou misturas. Não brancos e judeus são os únicos que podem se orgulhar da própria origem. Mas quem reivindica isto é racista. Racista! Fascista! E eis o Homem neomoderno numa guerra de narrativas onde o que mais se repetem são slogans e bordões. Sim, vidas negras importam, e passarão a importar mais na medida em que produzirem alta cultura e pararem de matar nas cidades, nos campos, na América, na Europa e na África (os seus e os bôeres). 

Nesse clima de guerra racial, não peçamos perdão pelo o que somos e pelo o que não fizemos. As causas “identitárias” trabalham para a burguesia e o Grande Capital, são pautas de uma minoria barulhenta. O pobre, a maioria silenciosa, que não tem o monopólio das cátedras universitárias e da mídia (que impulsionam diretamente a cultura – e mais recentemente a propaganda querendo ser a educadora das massas), está mais preocupado em preservar seu trabalho, sua família e sua religião. Quem se interessa por raça, classe, “gênero”, feminismo (que tira a mulher da submissão ao marido para entregá-la ao patrão, transformando-a de senhora do lar à escrava do mercado) e tutti quanti são idiotas úteis ao serviço da judaria internacional e suas ONG’s milionárias. Quem não sabe disto não conhece o básico, o mais primário a respeito de como caminha o mundo ou do punhado de gente que o governa, estando condenado a pastar (como um cadáver, hoje a Terra não passa de um pasto de vermes) e ser tocado ao abate kosher ou oferecido em holocausto sem perceber, existindo apenas para engrossar uma massa diabólica enferma sem essência e personalidade. A cura é somente uma: a intransigência no absoluto, manifestado em tudo o que é ordenado e hierarquizado, visto que não há nada mais desigual que a própria natureza.

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(*) Falei mais detalhadamente sobre o tema “democracia” em um artigo de 28 de janeiro de 2018, neste mesmo Blog: http://sobregirassoisepicosnevados.blogspot.com/2018/01/uma-defesa-da-propriedade-privada-e-da.html

(**) Sobre os fundamentos jurídicos da Nova Ordem Mundial, pode-se ler mais no seguinte artigo, publicado aqui em 23 de junho de 2018: http://sobregirassoisepicosnevados.blogspot.com/2018/06/critica-jusnaturalista-ao-estado-laico.html